
No consultório, recebo com frequência pacientes que se queixam de azia, tosse persistente, rouquidão ou sensação de garganta irritada, sintomas que, à primeira vista, parecem ter origens diferentes, mas que muitas vezes estão ligados a um mesmo problema: o refluxo.
O que poucos sabem é que existem dois tipos principais dessa condição: o refluxo gastroesofágico e o refluxo laringofaríngeo.
Embora ambos sejam causados pelo retorno do conteúdo ácido do estômago, eles afetam regiões distintas do organismo e, por isso, se manifestam de maneiras diferentes.
A seguir, explico de forma simples como distinguir um tipo de refluxo do outro e por que essa diferenciação faz toda a diferença na hora de cuidar da saúde digestiva, e também da voz e da garganta.
A doença do refluxo gastroesofágico ocorre quando o conteúdo ácido do estômago retorna para o esôfago, causando inflamação e irritação da mucosa. Isso acontece, geralmente, por uma falha no esfíncter esofágico inferior, uma válvula que deveria impedir o refluxo dos ácidos estomacais.
Os sintomas mais comuns incluem:
A DRGE está frequentemente associada a hábitos como alimentação gordurosa, excesso de café, álcool e chocolate, obesidade e tabagismo.
O refluxo laringofaríngeo acontece quando o conteúdo ácido do estômago ultrapassa o esôfago e alcança a laringe e a faringe, regiões da garganta. Por afetar o trato respiratório superior, seus sintomas são diferentes — e muitas vezes confundidos com problemas otorrinolaringológicos.
Os principais sinais incluem:
O RLF pode ocorrer mesmo sem sintomas digestivos típicos, o que torna o diagnóstico mais desafiador e exige investigação detalhada.
A principal diferença está na região afetada e no padrão dos sintomas:
Em muitos pacientes, as duas formas podem coexistir, e só o diagnóstico diferencial realizado por um gastroenterologista (em parceria, quando necessário, com um otorrinolaringologista) permite identificar corretamente o tipo de refluxo predominante.
Identificar corretamente o tipo de refluxo é essencial, pois o tratamento varia conforme a localização e a intensidade do problema. Enquanto ambos podem exigir mudanças no estilo de vida e uso de medicamentos que reduzem a acidez gástrica, o refluxo laringofaríngeo frequentemente requer ajustes na dieta, controle vocal e acompanhamento otorrinolaringológico.
O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica detalhada, podendo incluir exames como endoscopia digestiva alta, pHmetria esofágica, impedanciometria e laringoscopia.
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