
Ao longo dos anos de prática clínica, tenho acompanhado inúmeros pacientes que chegam ao consultório apreensivos diante da indicação de uma endoscopia digestiva alta, por isso resolvi abordar esse tema.
É natural que o desconhecido cause preocupação, mas a verdade é que esse exame é um dos recursos mais valiosos que temos para investigar com precisão o que está acontecendo no trato digestivo superior.
Com ele, conseguimos identificar desde alterações simples, como uma gastrite leve, até condições mais complexas, como úlcera ou refluxo severo, muitas vezes ainda em fase inicial, quando o tratamento é mais eficaz e menos invasivo.
A seguir, explico de forma clara como o exame é realizado, quando ele é indicado, quais cuidados são necessários e de que forma ele contribui para um diagnóstico seguro e um tratamento direcionado, confira.
A endoscopia digestiva alta é um dos principais exames utilizados na avaliação do trato gastrointestinal superior, permitindo observar em detalhes o esôfago, o estômago e o duodeno. Por meio desse procedimento, é possível diagnosticar precocemente uma série de doenças que, em muitos casos, apresentam sintomas discretos ou até mesmo silenciosos.
A endoscopia é realizada com um aparelho chamado endoscópio (um tubo fino e flexível equipado com uma microcâmera na ponta, que transmite imagens em alta definição para um monitor). Durante o exame, o médico especialista pode visualizar diretamente a mucosa dos órgãos e, se necessário, coletar pequenas amostras de tecido (biópsias) para análise laboratorial.
A endoscopia digestiva alta é indicada em diversas situações clínicas, como:
Além de seu papel diagnóstico, o exame também pode ser indicado como método de rastreamento em pacientes com fatores de risco para câncer de esôfago ou estômago, especialmente aqueles com gastrite crônica por Helicobacter pylori ou esôfago de Barrett.
O exame é feito com o paciente em jejum e, geralmente, sob sedação leve, administrada por um anestesista. O endoscópio é introduzido pela boca até o duodeno, permitindo uma avaliação completa do trajeto. O procedimento é rápido (dura cerca de 10 a 20 minutos) e é indolor, já que o paciente permanece dormindo durante sua execução.
A endoscopia digestiva alta é capaz de identificar alterações como gastrite, esofagite, úlceras, hérnia de hiato, varizes esofágicas, pólipos e tumores. Além do diagnóstico, ela também tem papel terapêutico, podendo ser utilizada para tratar sangramentos, remover corpos estranhos ou realizar a cauterização de pequenas lesões.
Os resultados da endoscopia fornecem informações precisas sobre o tipo, a localização e a gravidade das lesões, o que permite ao gastroenterologista indicar o tratamento mais adequado, seja clínico, com medicamentos e acompanhamento, ou intervencionista, quando necessário.
Nos casos de infecção por H. pylori, por exemplo, o exame possibilita a detecção e o controle da erradicação da bactéria.
Para garantir a segurança e a qualidade das imagens, o paciente deve permanecer em jejum de 8 horas antes do procedimento. É importante informar à equipe médica sobre o uso de anticoagulantes, insulina, anti-hipertensivos ou alergias a medicamentos.
Também é necessário estar acompanhado de um responsável, já que o uso de sedação impossibilita dirigir após o exame.
Após o procedimento, o paciente é mantido em observação por alguns minutos até o efeito da sedação passar. Pode ocorrer leve desconforto na garganta, que tende a desaparecer em poucas horas. A alimentação leve costuma ser liberada no mesmo dia, conforme orientação médica.
Os resultados iniciais podem ser discutidos logo após o exame, e as biópsias, quando realizadas, têm laudo emitido em alguns dias.
A endoscopia digestiva alta é um exame seguro, rápido e essencial para o diagnóstico precoce de diversas doenças do sistema digestivo.
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